“Foi muito lindo o encontro com meu filho, e muito triste também, pois encontrei ele magrinho, o pai o abandonou”, declarou a dona de casa Rachel Nogueira Christ, de São João da Boa Vista (SP), que reencontrou o filho Joseph Lucas, nos Estados Unidos, após 10 anos e 6 meses de afastamento. O rapaz nasceu com hidrocefalia e mora há 13 anos em uma instituição mantida pelo governo norte-americano. Rachel, que residia nos Estados Unidos, estava proibida de retornar ao país porque, com saudade da família, viajou para o Brasil para uma visita durante o processo para conseguir o visto permanente e, ao regressar, foi deportada.
O encontro, que aconteceu no dia 16 de maio, data do aniversário de 26 anos de Joseph, foi compartilhado e comemorado no Facebook de Rachel. “Venci mais uma guerra, mais uma batalha, como um soldado que vai para a guerra, assim eu me senti ao abraçar meu filho. Tenho fé em Deus que vou recuperar a saúde do meu filho e logo ele vai estar bonito e formoso”, contou Rachel, que está alojada sob supervisão do Consulado e aguarda uma audiência para solicitar a guarda do filho.
Durante o período em que estiveram distantes, Rachel e Joseph se falavam diariamente por telefone. Segundo ela, o jovem acabou sendo abandonado pelo pai e está precisando de tratamento médico e odontológico.
“O pai nunca faz visitas para o meu filho. Ele esta magrinho e muito triste. Agora estamos felizes e só a morte vai nos separar. Quero cuidar do meu filho, levar para o dentista, médicos e tudo mais porque ele ficou todos esses anos desamparado. Vou tentar recuperar o tempo perdido com meu filho”.
Rachel contou que já deu entrada na documentação para retirar o green card, visto permanente americano, e que pretende morar no país com o atual marido, que também busca a autorização permanente.
“Não pretendo retornar, meu filho nasceu nesse país, ele precisa ficar aqui. Vou ficar aqui agora, nunca mais vou ficar longe do meu filho. Meu esposo também vem e nós vamos trabalhar aqui”.
Caso consiga a guarda de Joseph, a dona de casa pretende tirá-lo da instituição em que o rapaz vive. “Ele vai morar comigo. Enquanto ele for para o programa, que é das 8h às 16h, eu e meu esposo iremos trabalhar. Sempre fiz assim quando vivia aqui. Farei tudo que puder para o meu filho”.
O caso
Rachel se mudou de São João da Boa Vista há mais de 25 anos, para tentar uma vida melhor com o marido em Nova York, e ficou grávida no mesmo ano. Antes de Joseph nascer, os médicos diagnosticaram que ele teria alguma deficiência e sugeriram um aborto, mas a mãe não aceitou. O casal, que se separou em 2005, tem a guarda compartilhada do filho, que vive em um internato na cidade de Cheshire, em Connecticut, desde os 12 anos.
Em 2005, após uma viagem para o Brasil, Rachel não conseguiu entrar de novo nos Estados Unidos. Ela foi proibida porque se ausentou do país durante o processo para conseguir o visto permanente sem autorização da imigração e foi deportada.
Nesses dez anos, Raquel voltou ao consulado mais de dez vezes, mas foi apenas no começo de abril que conseguiu uma autorização para retornar ao país.
Fonte: G1