Os já constantes tiroteios em comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) acenderam o alerta no consulado americano do Rio, que divulgou uma nota recomendando aos turistas e cidadãos americanos residentes no Rio que não visitem favelas cariocas, mesmo as pacificadas.
Na nota, o consulado adverte que nas comunidades com UPPs, apesar da presença da polícia, há criminosos circulando e tiroteios podem acontecer a qualquer momento. Em fevereiro, o comitê olímpico australiano já tinha proibido que seus atletas visitassem favelas durantes os jogos.
Nesta segunda-feira (21), o secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse que não há prazo para a instalação da UPP do Conjunto de Favelas da Maré, no Subúrbio, prevista para março deste ano. O titular da pasta chegou a dizer que o eventual efetivo local será utilizado para reforçar outras áreas.
“A UPP da Maré não vai ser feita. Nós vamos, exatamente, usar estes efetivos [que seriam utilizados na Maré] no sentido de consubstanciar e consolidar vitórias que já temos historicamente”, afirmou após audiência na Alerj. A assessoria de imprensa de Beltrame afirmou ainda que o projeto será adiado, pelo menos, até o ano que vem.
A unidade era uma das promessas para os Jogos Olímpicos. Em meio à crise econômica vivida pelo país e pelo estado do Rio, com corte de 32% no orçamento da pasta, os investimentos da Secretaria ficarão reduzidos “praticamente a zero”, restando basicamente o pagamento da folha salarial e o custeio da máquina burocrática.
Ocupação da Maré
A Polícia Militar começou a substituir os cerca de 3.300 mil homens da Marinha e do Exército que ocupavam o Conjunto de Favelas da Maré, em abril do ano passado. Na ocasião, foi anunciado que o processo de transição seria feito em três etapas. As comunidades da Praia de Ramos e Roquette Pinto serão as primeiras, segundo a polícia.
Na ocupação, o relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, disse que quatro bases de UPPs seriam criadas. A primeira seria instalada na Praia da Ramos/ Roquette Pinto; a segunda nas comunidades de Nova Holanda/ Parque União; outra na Baixa do Sapateiro/ Timbau e a última na Vila do João/ Vila dos Pinheiros.
Orçamento cortado
Com os valores em caixa, ainda segundo o titular da Segurança, os pagamentos ficam restritos quase que exclusivamente à folha salarial e ao custeio da máquina burocrática.
Beltrame afirmou, no entanto, que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) serão aprimoradas, graças a doações do Fundo Especial da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Beltrame participou nesta segunda de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de outras autoridades do setor de segurança, como o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Edson Duarte.
“Se há um futuro para as UPPs é graças a esta Casa, e mais uma vez agradeço (o repasse). A UPP vai avançar, não no sentido de fazer em outras áreas, mas de buscar consolidar, fazendo licitações e compras de equipamentos”, disse, citando inclusive a reforma das bases de unidades.
Beltrame reclamou ainda do recebimento “picado” de valores, o que impediria o planejamento de ações complexas do terceiro mês em diante. Com o fim do pagamento de bônus por conta da crise, Beltrame admitiu ainda que há um inegável “aspecto desmotivacional” para o militar que deixa de receber os valores adicionais.
Fonte: Globo